Em qualquer atividade profissional, é fundamental tomar cuidados que minimizem potenciais perigos que possam colocar a saúde dos colaboradores e clientes em risco no ambiente de trabalho.
Na área da estética pode parecer que esses riscos são menores, mas intercorrências podem acontecer em todos os lugares. Por isso, é tão essencial adotar condutas que irão prevenir que danos possam acontecer, as chamadas medidas de biossegurança na estética.
Essas ações de prevenção nunca foram tão pertinentes como no atual momento que estamos vivenciando. A pandemia do Covid-19 veio para reforçar e adaptar medidas que já se faziam tão importantes e necessárias.
No texto de hoje, preparamos informações e dicas para que você, profissional da área da saúde e beleza, possa aplicar na sua clínica, afim de garantir a segurança imprescindível para realização dos procedimentos. Continue a leitura e confira!
O que é biossegurança na estética e qual sua importância?
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) define o conceito de biossegurança como sendo a “condição de segurança alcançada por um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal e o meio ambiente.”
Dessa forma, a biossegurança na estética pode ser entendida como o conjunto de ações e procedimentos adotados nos espaços de saúde e estética, afim de garantir a proteção e a segurança para os profissionais e clientes. Ou seja, são medidas, condutas e ferramentas com o objetivo de manter a saúde e higiene do ambiente de trabalho, bem como prevenir a transmissão de doenças e infecções.
Conforme dito acima, a biossegurança é um fator que requer muita atenção e consciência por parte dos profissionais da área de medicina estética, já que está diretamente ligada à prevenção de situações de riscos nos procedimentos.
Atentar-se para as medidas que envolvem a biossegurança na estética é fundamental para prevenir e minimizar doenças e contaminações nos espaços clínicos, além de proteger e garantir a segurança dos profissionais e pacientes.
Quais os tipos de riscos enfrentados na estética?
Pode-se entender como risco qualquer situação que possa acontecer que irá afetar os resultados daquele evento. Na estética, os riscos são ameaças que poderão comprometer o andamento dos procedimentos, bem como o resultado. Sendo um ponto de atenção à biossegurança na estética.
Os riscos enfrentados na estética são classificados em quatro grupos, sendo:
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Grupo 1: Riscos Físicos
São situações que irão colocar os colaboradores da clínica em vulnerabilidade física. Envolvem-se aqui riscos com equipamentos, piso escorregadio, iluminação do ambiente inadequada, conforto térmico (temperaturas excessivas, por exemplo) e radiações.
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Grupo 2: Riscos Químicos
Está associado às substâncias químicas que podem causar perigo aos trabalhadores quando manuseadas, prejudicando sua saúde. Entram nesse grupo substância tóxicas, inflamáveis, explosivas, corrosivas e irritantes.
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Grupo 3: Riscos Biológicos
Ameaça causada por agentes biológicos, que causam danos à saúde humana, e podem ser transmitidos por vias respiratórias ou outras. Lixo hospitalar, vírus ou toxinas de origem biológica, amostras de microrganismos, bactérias, fungos, são alguns exemplos de riscos biológicos.
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Grupo 4: Riscos Ergonômicos
É considerado todo fator que pode causar desconforto ao profissional, afetando sua saúde. Envolve-se características psicofisiológicas do colaborador, como levantamento de peso, repetitividade de movimentos, postura inadequada ao longo do procedimento, situação de estresse.
Quais as medidas de biossegurança devem ser tomadas em clínicas ou espaços de beleza?
Antes de abrir um centro de estética e espaços de beleza, é primordial que o profissional empreendedor tenha em mente que deverá seguir rigorosamente as medidas de biossegurança necessárias para o correto funcionamento daquele local.
Cada espaço, de acordo com a sua complexidade de procedimentos e equipamentos, irá exigir protocolos de biossegurança específicos. Mas em todos eles condutas básicas estarão presentes, como: preocupação com a higienização, uso de EPIs e EPCs, uso de equipamentos registrados, atenção às normas sanitárias e descarte correto dos resíduos.
1. Protocolos de higienização
O primeiro ponto da biossegurança na estética que merece destaque diz respeito a limpeza e esterilização. Quando falamos de higienização incluímos não só os espaços físicos das clínicas e centros de beleza, mas também das mãos e equipamentos.
Para cada tipo de espaço, é preciso montar e implementar protocolos diferentes, que atendam às necessidades e exigências para aquele ambiente e procedimentos ali realizados. Lembrando que esse plano de limpeza e desinfecção deve estar de acordo com as normas estabelecidas na legislação no qual o estabelecimento se enquadra, sendo elas federais ou municipais.
Abaixo, as principais medidas sanitárias que visam manter os protocolos de biossegurança na estética:
- organizar os espaços onde os procedimentos serão executados, para que tenham paredes e pisos lisos e impermeáveis, para que não acumulem microrganismos, poeiras ou resquício de secreções;
- preocupar-se com a higiene correta das mãos, minimizando os riscos de contaminação direta e cruzada. A higienização deve ser realizada pelo menos uma vez antes e após cada atendimento;
- disponibilizar sabonete líquido e papel toalha nos lavatórios, para uso dos profissionais e clientes;
- higienizar todos os materiais, instrumentos e equipamentos a cada utilização. Eles devem ser esterilizados de acordo com as normas indicadas pelo fabricante;
- optar por macas e/ou cadeiras cujo material seja impermeável e de fácil esterilização, bem como todos os mobiliários com superfícies que facilitem a sua total
- limpeza;
- ter uma lixeira de pedal com saco plástico para que seja feito o descarte de materiais contaminados e aqueles que não serão reutilizados.
Vale entendermos melhor os conceitos que estão ligados a esse tópico:
- Limpeza: remoção física de todas as sujeiras que possam estar presentes no ambiente. Pode ser feita com água e sabão.
- Esterilização: uso de agentes físicos ou químicos de modo a destruir os mais diversos tipos de germes.
- Desinfecção: aplicação de agentes químicos ou físicos para remover agentes infecciosos, na forma vegetativa, de uma superfície inerte.
- Assepsia: conjunto de ações que visam impedir que agentes patogênicos possam entrar no organismo.
- Antissepsia: utilizar algum tipo de produto sobre a pele (tecido) com o objetivo de reduzir os micro-organismos.
2. Uso de EPIs e EPCs
Os dois tipos de equipamentos são de extrema importância para garantir a biossegurança na estética e em outros ambientes de trabalho.
Os EPCs são os equipamentos de proteção coletiva, ou seja, aqueles utilizados por todo o grupo – podem envolver clientes, em certos casos – que garantem a segurança e a proteção de todos. Como exemplo temos os kits de primeiros socorros, exaustores e extintores.
Os EPIs são os equipamentos de proteção individual, são os acessórios ou instrumentos utilizados individualmente por cada um dos profissionais, com o objetivo de proteger de possíveis riscos à saúde. Em um ambiente estético, os principais EPIs são:
- Luvas cirúrgicas: utilizadas como barreira de proteção contra possíveis contaminações feitas através das mãos. Devem ser utilizadas em todos os procedimentos e descartadas logo após finalizados. Não substitui a lavagem das mãos, devendo ser colocadas com cuidado, sobrepondo os punhos do jaleco. Após colocadas, não se deve tocar em outros objetos que não sejam necessários para a realização do procedimento.
- Touca: acessório de proteção da cabeça, a touca previne contaminação por microrganismos que possam estar presentes no cabelo. É descartável, devendo ser trocada a cada atendimento. A touca deve cobrir todo o cabelo e orelhas, de forma a não deixar mechas aparentes. Deve ser retirada pela parte superior central e descartada no lixo. Pode ser usada, também, para proteger o cliente dos cosméticos utilizados na sessão.
- Jaleco: acessório que reveste a roupa do profissional, sendo uma barreira que reduz a transmissão de microrganismo e protege de contato com sangue e fluidos corpóreos. Deve ser usado apenas no local onde o procedimento será realizado, para que não leve ou traga contaminações para os ambientes e pessoas. O mais adequado é o de cor branca, que possua mangas longas e punhos. Devem ser trocados diariamente e higienizados de forma cuidadosa.
- Máscaras: protege a boca e nariz contra a ingestão ou inalação de microrganismos presente nas falas, tosse ou espirros. Devem ser utilizados em todos os atendimentos, descartadas e trocadas a cada novo cliente.
- Óculos: protegem os olhos dos profissionais do contato com microrganismos e substâncias químicas, além de excreções advindas de extrações. Sugere-se o uso de lentes incolores, ideal para ambientes claros e que não atrapalham a visibilidade.
- Calçado fechado: protege os pés dos profissionais de possíveis quedas de equipamentos e acessórios ao longo do procedimento. Devem ser fechados e com solas antiderrapantes.
3. Equipamentos com registro na ANVISA
Em uma clínica, uma das importantes e fundamentais medidas de biossegurança na estética está relacionada à escolha de bons equipamentos, fabricados por empresas de confiança no mercado e que atendam todas as normas legais.
Os equipamentos estéticos devem possuir o registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que é a certificação e a garantia de que aquele produto atendeu a todas as normas estabelecidas pelo órgão governamental brasileiro na sua produção e está apto a ser comercializado e utilizado.
Um aparelho que não possua esse registro não passou por testes que atestem as suas condições de fabricação e de armazenamento, que verifiquem a sua qualidade operacional e que conheçam os materiais que o compõem e efeitos que causam no organismo humano. E, consequentemente, podem apresentar falhas durante a sua operação, não oferecendo nenhuma garantia de segurança e desempenho esperado daquele equipamento.
Os profissionais médicos ou esteticistas que optem por adquirir uma máquina que não esteja devidamente homologada na Anvisa, estarão expondo seus pacientes ao risco de procedimentos cujo desempenho pode haver intercorrências e resultados satisfatórios não garantidos.
4. Estar atento às normas sanitárias
Além dos equipamentos, estarem devidamente registrados na Anvisa, todo o estabelecimento tem que estar de acordo com a legislação sanitária vigente, para garantir a biossegurança na estética.
Para que o estabelecimento esteja de acordo com as normas exigidas, o primeiro passo é solicitar o licenciamento junto à agência reguladora, preenchendo um requerimento próprio e apresentando a documentação específica exigida. A Licença Sanitária pode ser para Pessoas Físicas ou Jurídicas.
O segundo passo é designar o Responsável Técnico pelo estabelecimento, de acordo com a atividade desempenhada na clínica. Esse será o profissional habilitado, cuja formação seja na área de atuação da atividade e compatível com a exigência da legislação sanitária, e que vai responder pelos serviços ofertados ao público. Precisa estar disponível no estabelecimento enquanto ele tiver em funcionamento.
O terceiro e último passo é deixar o estabelecimento de acordo com algumas exigências, tais como:
- Manter as instalações e equipamentos sempre higienizados;
- O ambiente deve ser bem claro e ventilado, sendo que os revestimentos de piso, paredes e teto devem ser lisos e impermeáveis;
- Os lavatórios devem possuir dispensers de parede para sabonete e papel toalha;
- Conter uma pia exclusiva para a limpeza do material de trabalho e tanque para a limpeza do material de higienização;
- Lixeiras cuja tampa é acionada por pedal e revestidas de sacos plásticos em todos os ambientes;
- Kits de atendimento organizados e separados com quantidade suficiente para aquele procedimento;
- Utensílios de trabalho, cosméticos, alimentos e produtos de limpeza, precisam ser armazenados separadamente. Todos estes produtos devem ser estocados em prateleiras, armários ou sobre estrados.
5. Descarte correto dos resíduos
A biossegurança na estética também prevê o tratamento de resíduos de clínicas de beleza e estética, já que esse material gerado há grande risco de contaminações e infecções por terem tido contato direto com secreções, sangue, pelos, unhas, etc.
O correto manejo e gerenciamento desses tipos de resíduos são fundamentais nas clínicas, para minimizarem ou eliminarem os riscos de contaminação para a saúde humana ou do meio ambiente. Devem estar de acordo com os regulamentos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
No segmento da estética, os resíduos são categorizados como Resíduos de Serviço de Saúde (RSS) e são divididos de acordo com suas características e os riscos oferecidos:
Grupo A: estão resíduos que possivelmente possuem agentes biológicos, apresentando riscos de causar infecções.
Grupo B: estão presentes substâncias químicas que conferem risco à saúde pública ou ao meio ambiente.
Grupo C: constituído por materiais que vem de atividades que possuem radionuclídeos em quantidades acima dos limites aceitáveis segundos as normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEM).
Grupo D: composto por resíduos que não apresentam risco químico, biológico ou radioativo para seres vivos e ao meio ambiente, como, por exemplo, papel sanitário e restos alimentares de pacientes.
Grupo E: material perfuro, cortantes ou escarificantes.
Biossegurança na estética: a segurança que sua clínica precisa
Como vimos, é de extrema importância para as clínicas e espaços de beleza atentar-se às medidas de biossegurança na estética. São cuidados que irão manter a segurança dos clientes e profissionais, mostrando preocupação e profissionalismo.
Com todas as informações que passamos aqui, você tem tudo que precisa para começar a implementar no seu espaço, deixando-o adequado à qualidade do ambiente necessária para prestar um bom atendimento e atender à legislação exigida.
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