Pigmentação Exógena: o que é e sua relação com a tatuagem

Termo dado a patologias ligadas à áreas pigmentadas, pigmentação exógena refere aquelas cujos pigmentos virão de fora do organismo. Elas podem ser divididas em alguns tipos, que descreveremos mais adiante.

Para que possamos explicar a pigmentação exógena de forma mais detalhada, primeiramente é importante entender os conceitos básicos de pigmento e pigmentação.

A palavra pigmento vem do latim pigmentum e é a designação dada para a substância que tem a composição química como origem e possui cor própria por modificar a cor da luminosidade refletiva, absorvendo parcialmente essa tonalidade e irradiando outra. O pigmento pode ser natural, quando amplamente encontrado na natureza, ou sintético, quando produzido artificialmente.

O termo pigmentação refere-se ao processo de formação ou de acúmulo de pigmentos em determinados locais do organismo, seja de forma normal ou anormal (patológica). Pode ser dividida em duas classes:

  • Exógenas: quando a pigmentação causará a patologia. Nesse caso o pigmento será oriundo do exterior, ou seja, será introduzido no organismo e depositado nos tecidos, através de inoculação, ingestão ou inalação.
  • Endógenas: quando a patologia causará a pigmentação. Nesse caso o pigmento será oriundo de substâncias produzidas dentro e pelo próprio organismo, advindas de atividades celulares, fazendo parte da estrutura e organização corporal do indivíduo.

O que é uma lesão pigmentada exógena?

A pigmentação exógena, como dito acima, é formada por pigmentos cuja origem é externa ao corpo. Estes podem adentrar o corpo por algumas vias: inoculação, por introdução cutânea como nas injeções e tatuagens; ingestão, a exemplo de alimentos deglutidos via oral; e inalação, pelas vias respiratória, como o ar inspirado.

Os pigmentos da pigmentação exógena podem ficar depositados nos locais de primeiro contato com a pele ou mucosa, ser eliminados pelo sistema linfático do organismo ou serem transportados para outros locais na circulação sanguínea.

Nas lesões causadas por pigmentação exógena há o que pode ser chamado de reação inflamatória, já que além das diferentes cores na região existem substâncias estranhas aos tecidos. Pode-se dizer, portanto, que os agentes pigmentares exógenos são fatores de agressão.

Quais são as lesões pigmentadas exógenas e quais fatores associados?

A pigmentação exógena pode ser dividida em alguns tipos, geralmente categorizados de acordo com as vias de introdução dos pigmentos no organismo. Sendo eles:

VIA INGESTÃO (ORAL):

1. Argirismo

São pigmentações por intoxicação com sais de prata (“Argentum“) nos tecidos. O pigmento é de cor azul-escuro e acinzentada, podendo torna-se enegrecida se a prata sofrer algum tipo de redução. Geralmente é associada à administração sistêmica de medicações, de forma excessiva e prolongada durante o já ultrapassado tratamento de complexos prata, manifestando-se na pele e na mucosa bucal.

2. Saturnismo ou Plumbismo

São pigmentações por intoxicação com sais de chumbo (“Plumbum“). O pigmento tem cor azulada ou negra, dependendo de qual a profundidade em que se encontra nos tecidos. Ocorre pela ingestão de capins poluídos com fumaça de fundições ou de água contaminada por minas de chumbo. Os sais normalmente depositam-se nos ossos, do fêmur, na maioria das vezes, e na mucosa oral odonto-gengival, além de acarretar lesões graves no sistema hematopoiético, no sistema nervoso central e nos rins.

3. Bismútica

São pigmentações por intoxicação com sais de bismuto. O pigmento tem cor enegrecida e causa a chamada “linha bismútica”, devido ao depósito de sulfureto de bismuto principalmente nas gengivas. Estão associadas ao tratamento com compostos bismúticos ou como doença profissional, raras de serem vistas hoje e mais comuns na terapia para tratamento de sífilis.

4. Carotenose

São pigmentações pela ingestão excessiva de pigmentos vegetais (caroteno, xantofila, etc…) e lipossolúveis (cromolipídeos ou lipocromos exógenos). Tem coloração amarelada, frequente em animais equinos, bovinos e aves que se alimentam de ração cujo pigmento foi adicionado a ela. Difere da icterícia e da esteatose.

VIA INALAÇÃO (RESPIRATÓRIA):

Causam as Pneumoconioses, decorrente da inalação de partículas presentes no ambiente, tais como poeiras e poluição do ar, podendo ser minerais ou orgânicas. Tornam-se visíveis no sistema respiratório e nos linfonodos dos indivíduos, cuja gravidade dependerá do tipo de partícula inalada, do tempo que foi exposto a ela, e da presença ou não de uma infecção associada a essa inalação. As Pneumoconioses são:

1. Antracose

São pigmentações por intoxicação com sais de carbono, sendo a poeira de carvão o pigmento mais frequente. A cor varia do amarelo-escuro ao negro nos pulmões. Passam pelas vias aéreas chegando até os alvéolos pulmonares, sendo fagocitados pelos macrófagos e transportados aos linfonodos regionais através dos vasos linfáticos.

A antracnose é normalmente encontrada em fumantes e em todos os indivíduos adultos expostos à poluição dos grandes centros. Em si não gera grandes problemas, mas sua evolução pode originar disfunções pulmonares graves.

Macroscopicamente observa-se nos pulmões um pontilhado preto acinzentado, e linfonodos regionais escuros e endurecidos. Microscopicamente são encontrados grânulos enegrecidos nos alvéolos, septos interalveolares e, às vezes, em macrófagos.

2. Silicose

São pigmentações por intoxicação com sílica, composto natural formado pelos elementos químicos oxigênio e silício. O pigmento é extremamente irritante. Essa patologia causa reações intensas nos nódulos fibróticos, predisposição para infecções pulmonares e reações inflamatórias de natureza granulomatosa.

3. Siderose

São pigmentações por intoxicação com óxido de ferro. O pigmento é de coloração de ferrugem e atinge o pulmão, principalmente, de trabalhadores de mineradoras de hematita, soldadoras e trabalhadores que manuseiam pigmentos com óxido de ferro.

4. Outras pneumoconioses

Asbestose: inalação de silicato de magnésio (amianto); Silicossiderose: inalação de minério de ferro (Hematita); Calcinose: inalação de Carbonato de cálcio (cal); Beriliose: inalação de Berílio; Cadmiose: inalação de cádmio; Cuprose: inalação de cobre; Hidrargirose: inalação de sais de mercúrio;

VIA INOCULAÇÃO (CUTÂNEA):

1. Tatuagem

A tatuagem é uma forma de pigmentação exógena através da introdução de pigmentos insolúveis na derme, feita por agulhas, de forma permanente, com fins decorativos ou identificadores.

Normalmente os pigmentos utilizados nas tatuagens são compostos de nanquim, carvão, mercúrio, sais de enxofre, ferro. Suas cores vão variar de acordo com o tipo de pigmento presente nelas. Tais pigmentos são fagocitados pelos macrófagos presentes na derme do indivíduo, podendo provocar a transferência destes para linfonodos regionais.

Também considerada uma tatuagem, a introdução de amálgama na mucosa bucal, pigmento de tonalidade azulada, pode resultar em uma lesão no lugar da restauração.

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